Costumo usar o
final de ano para fazer algumas leituras que normalmente não consigo efetuar ao
longo do ano. Tenho o péssimo hábito de ler muitas obras ao mesmo tempo e fico
sempre em débito com minhas leituras. Finais de ano são propícios para
saldar essas dívidas. Deixo duas pequenas dicas.
Nenhuma formação jurídica estará completa se o profissional se limitar à sua área de especialização. Hoje em dia, interessam-me tanto ou mais as questões meta-jurídicas do que propriamente o estudo de temas do direito, em especial do direito internacional, minha área de atuação. Uma fenomenologia do direito e a relação entre direito, moral e justiça são temas importantes para que tenhamos uma apreciação mais ampla do fenômeno jurídico. O livro "Justiça: o que é fazer a coisa certa", do professor de Harvard Michael Sandel, é leitura leve e imensamente rica que nos faz tratar dos dilemas morais sob a ótica da filosofia utilitarista de Jeremy Bentham e Stuart Mill, ou ainda de filósofos como Rawls, Kant e Aristóteles. O livro é simples, de leitura fácil e pleno de exemplos do cotidiano. A obra é leitura obrigatória para qualquer pessoa que se interesse pelos dilemas morais do ser humano. A abordagem de Sandel não é fenomenológica, que fique bem claro, ao menos não declaradamente, mas a maneira como os conceitos de liberdade, bem-estar e virtude são analisados, desnudando-se a sua essência, lembra a epoché (suspensão dos juízos) fenomenológica de Husserl. Como recentemente ministrei um curso de pós-graduação sobre ética no mundo virtual, a obra de Sandel é particularmente significativa para aprofundar o tema.
Nenhuma formação jurídica estará completa se o profissional se limitar à sua área de especialização. Hoje em dia, interessam-me tanto ou mais as questões meta-jurídicas do que propriamente o estudo de temas do direito, em especial do direito internacional, minha área de atuação. Uma fenomenologia do direito e a relação entre direito, moral e justiça são temas importantes para que tenhamos uma apreciação mais ampla do fenômeno jurídico. O livro "Justiça: o que é fazer a coisa certa", do professor de Harvard Michael Sandel, é leitura leve e imensamente rica que nos faz tratar dos dilemas morais sob a ótica da filosofia utilitarista de Jeremy Bentham e Stuart Mill, ou ainda de filósofos como Rawls, Kant e Aristóteles. O livro é simples, de leitura fácil e pleno de exemplos do cotidiano. A obra é leitura obrigatória para qualquer pessoa que se interesse pelos dilemas morais do ser humano. A abordagem de Sandel não é fenomenológica, que fique bem claro, ao menos não declaradamente, mas a maneira como os conceitos de liberdade, bem-estar e virtude são analisados, desnudando-se a sua essência, lembra a epoché (suspensão dos juízos) fenomenológica de Husserl. Como recentemente ministrei um curso de pós-graduação sobre ética no mundo virtual, a obra de Sandel é particularmente significativa para aprofundar o tema.
O livro de Sandel
fala muito de utilitarismo para refutar, do ponto de vista da filosofia
política, essa corrente de pensamento. Mas um dos principais fundamentos da
filosofia utilitarista é a ideia de que uma ação é moralmente aceitável se
proporcionar a máxima felicidade para o maior número possível de pessoas. Tal
afirmação despertou em mim o interesse e a curiosidade por desbravar um campo
especialmente interessante, a psicologia positiva, ela própria um ramo da
psicologia humanista. Um livro em especial trata do tema: "Vivre. La
psichologie du bonheur" ou "Flow. The psychology of optimal
experience", do professor da Universidade de Chicago, o húngaro Mihaly
Csikszentmihalyi (um prêmio para quem conseguir pronunciar o sobrenome dele!).
"Viver. Uma psicologia da felicidade" seria a tradução do título em
francês. Não se trata de obra de popularização da psicologia ou mesmo de
auto-ajuda. O livro é uma das grandes obras da psicologia do século XX e ensina
como podemos vivenciar a experiência subjetiva da felicidade a partir do fluxo
(flow) das experiências optimais. Tais experiências são descritas como aqueles
momentos nos quais sentimos um prazer intenso, o prazer de estarmos vivos. Essa
passagem da filosofia moral para a psicologia, de uma perspectiva coletiva para
o campo da subjetividade, em duas obras tão distintas, torna ambas as
leituras, elas próprias, uma experiência optimal! Fica a dica. Feliz 2014.